Marcelo Dutra da Silva

O novo governo na perspectiva das boas práticas de governança

Por Marcelo Dutra da Silva
Ecólogo

Chegamos ao final da maratona eleitoral e um novo governo foi eleito. Lula venceu e tem início o processo de transição de governo. Cresce a especulação em torno dos nomes que serão indicados para o xadrez político, com muita expectativa nos nomes que irão compor a pasta da economia.

O presidente eleito tem como desafio vencer as resistências, particularmente as que se colocam pela via do ataque antidemocrático, além de toda sorte de dificuldades que vai enfrentar na reconstrução do país. Terá muito trabalho pela frente e não só dentro de casa, no que precisa ser acomodado e corrigido no plano doméstico. O trabalho inclui um esforço redobrado para recuperar nossa imagem no exterior, que foi bastante comprometida pela postura do atual presidente, sobretudo nas questões que demonstraram pouco compromisso com o meio ambiente.

Tanto é que o presidente Lula é uma das personalidades mais aguardadas na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), a ser realizada entre os dias 6 e 18 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito. Presença que já está confirmada e deverá também deverá participar do G20, encontro que reúne as 20 maiores economias do Planeta. O mundo está com saudades do Brasil e o mercado financeiro está de olho nisso. No dia 31, menos de 24 horas do resultado das urnas, o dólar fechou em queda de 2,54% e tem o maior tombo em um mês e no momento o mercado opera em estabilidade. Reflexo que também é percebido na bolsa de valores e na fala dos principais nomes do quadro de executivos do país.

Em matéria publicada na Folha de São Paulo, logo após o resultado do pleito, a análise de alguns destes executivos nacionais mostrou o quanto está desgastada e desconfortável a relação do atual governo com a força econômica do país. O descaso com a Amazônia e o avanço do desmatamento arranham a imagem do Brasil lá fora e nos colocou na contramão da agenda global de desenvolvimento ambiental, social e corporativo, das boas práticas ESG (Environmental, Social and corporate Governance). Inclusive, alguns empresários descrevem que receberam o resultado eleitoral com alívio.

O executivo Fabio Barbosa, presidente da multinacional brasileira Natura&Co disse que apesar do belo discurso do Lula, de reinserção do Brasil na agenda global, detalhar o programa econômico deve ser a primeira prioridade; Roberto Klabin, acionista da fabricante de papel e celulose Klabin e fundado do SOS Mata Atlântica e SOS Pantanal, disse ter sido a primeira vez que votou em Lula e no PT e o fez para garantir que o Brasil continue sendo uma democracia e consiga reverter a devastação do meio ambiente; Caio Magri, presidente do Instituto Ethos, destacou que o segundo turno foi marcado pelo uso da máquina pública e que é preciso unir o Brasil em prol do combate às desigualdades e pelo desenvolvimento sustentável; Já Betânia Tanure, sócia da consultoria BTA e conselheira do Magazine Luiza, acredita que o empresariado está mais maduro e compreende a sua influência na sociedade, onde empresas não podem mais se ver de forma isolada. E esta é a beleza do ESG.

Boas práticas de governança com responsabilidade social e ambiental devem nos levando para outro nível. O agronegócio, por exemplo, já é líder em boas práticas, sobretudo o agro que exporta. O problema está no governo que não tem feito o trabalho de casa. Ao flexibilizar a lei e enfraquecer o esforço de fiscalização e controle a destruição avança e isso não é bem-visto lá fora. O nosso produto perde valor, sofre barreiras e perdemos mercado. Além disso, destruir significa ter menos e na medida que perdemos a Amazônia e outros biomas brasileiros também perdemos a capacidade de produzir, gerar riquezas e desenvolvimento, que só tem sentido quando o sucesso econômico vem seguido de bem-estar social e proteção do meio ambiente. Que a paz ilumine o nosso caminho!

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